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Mount Marilyn: marco histórico da primeira alunissagem tripulada
(créditos: Tolentino)

Informações sobre a Foto

Mount Marilyn: marco histórico da primeira alunissagem tripulada

(créditos: Tolentino)

A história do MOUNT MARILYN:

O marco inicial, porém não oficial, do primeiro pouso lunar tripulado.

 

FotoMount Marilyn fotografado com apenas 1 frame por Vaz Tolentino Observatório Lunar (VTOL) em 10‎ de ‎março‎ de ‎2012, ‏‎00:58:32 (03:58:32 UT).

Imagem: Mosaico de Mount Marilyn, um marco chave da navegação orbital, durante a alunissagem da missão Apollo 11 (cena com 30 km de largura) - LRO / NASA.

A navegação visual foi uma modalidade muito importante no auxílio dos astronautas das missões APOLLO enquanto desciam para a superfície lunar. Para a primeira tentativa de alunissagem (APOLLO 11), foram escolhidos vários marcos importantes, para permitir que a tripulação verificasse visualmente se o perfil do relevo de descida estava compatível. No caso da Apollo 11, Armstrong e Aldrin tinham como apoio as imagens dos referidos marcos, obtidas pelas sondas robóticas da série Lunar Orbiter e pela missão tripulada APOLLO 10.

Num determinado momento da navegação orbital, cada marco deve estar visível pela escotilha do módulo de comando. Era simplesmente uma questão de olhar para fora da janela e ter a certeza de que o marco era visível. Se o marco não estivesse visível, os astronautas saberiam que eles estavam fora do cronograma descida estabelecido.

Imagem: Fotografia feita pela tripulação da missão APOLLO 10 a partir do Módulo Lunar "Snoopy". A foto mostra o Módulo de Comando "Charlie Brown" com Mount Marilyn no fundo (Norte para a esquerda. Cena com 80 km de largura - NASA).

Um dos mais importantes e mais conhecidos marcos visuais das missões APOLLO é o Mount Marilyn, nomeado por James Lovell em homenagem à sua esposa, Marilyn Gerlach Lovell. Esse importante marco foi visualizado e informado em pelo menos três missões APOLLO (8, 10 e 11), quando os astronautas orbitavam por cima dele.

Imagem: Gráfico de Monitoramento de Descida da missão APOLLO 11, folha 3A, que mostrava o caminho de descida do módulo lunar Eagle (Águia) – Fonte: Apollo Lunar Surface Journal and the Lunar and Planetary Institute.

Esta modesta, porém histórica formação montanhosa, viverá para sempre na história espacial do primeiro passo da humanidade em outro corpo celeste. Porém, existem muitos outros marcos da era APOLLO, que aparecem em relatórios técnicos e mapas da NASA, mas muitos desses nomes não são oficialmente reconhecidas pela International Astronomical Union - IAU. Para auxiliar os pesquisadores e historiadores, esses lugares (marcos) com seus respectivos nomes, foram adicionados à base de dados de nomenclatura oficial da IAU (porém, marcados como "APOLLO não oficial", no campo “Aprovação”) e aparecem na interface LROC QuickMap (102 nomes).

Foto: Mount Marilyn - LRO / NASA.

Foto: Imagem obliqua de Mount Marilyn obtida pela sonda lunar LRO – NASA.

Fonte do texto acima: NASA/LROC (http://lroc.sese.asu.edu/). 

Fonte do texto abaixo: VTOL (www.vaztolentino.com).

O marco inicial, porém não oficial, da primeira alunissagem tripulada:

Como tudo começou:

O Astronauta James Lovell, o protagonista da história do Mount Marilyn:

O astronauta da NASA James (Jim) Lovell é um veterano de 4 voos espaciais. Suas realizações ajudaram a pavimentar o caminho para o primeiro pouso tripulado na superfície lunar (missão Apollo 11, em 20 de julho de 1969). Primeiramente, ele voou na missão Gemini 7, juntamente com o astronauta Frank Borman, em 1965. Também voou, juntamente com o astronauta Buzz Aldrin, na missão Gemini 12, em 1966.

FotoO astronauta James Lovell / NASA.

Em 1968, James Lovell foi o piloto do módulo de comando da missão Apollo 8, primeira nave tripulada que circundou a Lua. Mais tarde, em 1970, comandaria a missão Apollo 13, cujo tanque de oxigênio explodiria durante o voo para a Lua, destruindo um painel inteiro do módulo de serviço, colocando a tripulação em risco e fazendo com que a missão não pudesse ser cumprida, mas os astronautas conseguiriam voltar em segurança para a Terra, com a ajuda das cabeças pensantes da base de comando da missão em Houston.

A missão Apollo 8, onde a história começou:

ImagemSímbolo da missão Apollo 8 / NASA.

Na época dos preparativos para a viagem da missão Apollo 8 à Lua, em 1968, a tripulação composta pelos astronautas James Lovell, Bill Andrers e Frank Borman estudavam mapas lunares, objetivando maior familiaridade com as formações existentes na superfície lunar, para facilitar a navegação na área escolhida para a futura primeira alunissagem tripulada, que seria executada no ano seguinte pela missão Apollo 11. Na região definida para o pioneiro pouso da Apollo 11 (Mare TRANQUILLITATIS), a espaçonave Apollo 8 de Lovell deveria sobrevoar com mais atenção visual e detalhamento de registros.

FotoA tripulação da missão Apollo 8. Lovell, Andrers e Borman / NASA.

A missão Apollo 8 foi muito especial. Nessa oportunidade, os astronautas executaram 10 órbitas em torno da Lua em 20 horas. Foi a primeira vez que um ser humano viu diretamente a face oculta da Lua, que foi fotografada pela primeira vez em 1959, pela sonda robótica soviética Luna 3. Também foi a primeira vez que um ser humano viu o “nascimento” da Terra por sobre o horizonte da Lua.

FotoMissão Apollo 8 - a primeira vez que um ser humano viu o “nascimento” da Terra por sobre o horizonte da Lua – dezembro de 1968 / NASA.

O estudo dos mapas e a escolha de um ponto de referência para a navegação:

Num desses estudos de mapas lunares, James Lovell notou a existência de uma pequena, porém destacada montanha com forma triangular, provido de alta taxa de albedo (reflexão de luz), localizado na orla sudeste do Mare TRANQUILLITATIS, nas coordenadas selenográficas: LAT: 1.150o N e LON: 40.000o E. O astronauta Lovell percebeu que essa diferenciada formação poderia ser útil para servir como uma referência visual durante a navegação nos voos orbitais, quando estivessem se aproximando para analisar a região definida para receber o primeiro pouso tripulado.

Naquela época, Jim Lovell pôde verificar que a referida formação, caracterizada como um pequeno triângulo branco, não apresentava nome definido pela International Astronomical Union (IAU), entidade responsável por nominar formações do Sistema Solar, ou seja, não havia referência nos mapas lunares. Com isso, Lovell disse para seus companheiros da missão Apollo 8,  Bill e Frank: “eu acho que vou batizar essa montanha de Mount Marilyn”. O nome foi escolhido por Lovell para homenagear sua esposa, Marilyn Gerlach Lovell.

Foto:  Marilyn Gerlach Lovell, esposa do astronauta James Lovell - Fonte: nbcnews.com

FotoJim and Marilyn Lovell em abril de 2012 - Fonte: collectspace.com

ImagemMapa "Lunar Chart (LAC) Series", folha No. 61, da região do Mount Marilyn, confeccionado em fevereiro de 1963 pela Aeronautical Chart Information Center da NASA.

O Mount Marilyn como referência visual para futuras missões Apollo:

A partir daí, o nome Mount Marilyn foi usado como uma espécie de ponto inicial, ou ponto de referência do voo da Apollo 8 de Lovell, e também para verificar se esse marco seria bom para que as futuras tripulações da Apollo 10 e Apollo 11 pudessem utilizá-lo para iniciar as suas aproximações finais do local escolhido para a futura alunissagem tripulada. Assim, o Mount Marilyn passou a figurar em todas as anotações e nos mapas utilizados pelos astronautas.

FotoLua cheira capturada em 22‎ de ‎julho‎ de ‎2013, ‏‎20:38:10 (23:38:10 UT), onde se mostra a localização do Mount Marilyn e o Mare Tranquillitatis, região de pouso da Apollo 11, a primeira alunissagem tripulada. Foto executada por Vaz Tolentino Observatório Lunar (VTOL) com apenas 1 frame.

A missão Apollo 9 não foi citada no parágrafo anterior, pois foi um voo experimental na órbita da Terra. Nessa oportunidade os astronautas testaram a separação e o acoplamento entre o módulo lunar e o módulo de comando.

Já a missão Apollo 10 executou um ensaio geral na região definida para a primeira alunissagem tripulada (que seria feita depois pela Apollo 11), chegando com o módulo lunar até cerca de 15 Km da superfície da Lua, sem contudo alunissar. O módulo lunar da Apollo 10 retornou depois para o módulo de comando e serviço, para se acoplar e retornar para a Terra.

Voltando ao Mount Marilyn, na prática, durante o voo da Apollo 8, Lovell e seus companheiros comprovariam que essa montanha realmente se destacava como um bom ponto de referência visual, e mencionaram isso por rádio para a base de comando da missão em Houston, para deixar formalmente registrado.

FotoO Mount Marilyn fotografado por VTOL em 24‎ de ‎maio‎ de ‎2015, ‏‎19:30:46 (22:30:46 UT) - foto com apenas 1 frame - VTOL.

FotoImagem orbital do Mount Marilyn feita pela sonda lunar robótica americana LRO – NASA.

As medições executadas no LROC QuickMap Act-React (http://target.lroc.asu.edu/q3/), indicam que Mount Marilyn possui aproximadamente 30 Km de comprimento em cada uma das 3 faces de sua base e altitude máxima em torno dos 1,4 Km em relação à superfície circundante. Os melhores períodos de observação telescópica de Mount Marilyn são: no quinto dia após a fase Lua Nova e no quarto dia após a Lua Cheia.

Quando James Lovell, Bill Andrers e Frank Borman retornaram para a Terra, eles conversaram sobre Mount Marilyn com os colegas que seriam os tripulantes das próximas missões Apollo 10 e 11, pois eles executariam a mesma trajetória em seus futuros voos. Após essa conversa sobre navegação, os tripulantes convocados para as novas missões chegaram à conclusão de que realmente Mount Marilyn seria uma boa referência visual como um ponto inicial de aproximação da região do futuro pouso tripulado.

 

FotoLocal escolhido para a primeira alunissagem tripulada da NASA (Apollo 11), em 20 de julho de 1969, no interior do Mare TRANQUILLITATIS. Foto executada por VTOL com apenas 1 frame em 24‎ de ‎maio‎ de ‎2015, ‏‎18:42:40 (21:42:40 UT) - VTOL.

Meses depois, durante os voos na órbita da Lua, as tripulações das missões Apollo 10 e Apollo 11, comunicaram por rádio o avistamento de Mount Marilyn. A tripulação da Apollo 10 chegou até mesmo fotografá-lo. Conforme o que foi definido anteriormente, os astronautas realmente o utilizaram como ponto inicial de referência para aproximação da região do futuro pouso tripulado. Com isso, a pequena e destacada montanha triangular, ficou inserida na história real de 3 expedições lunares da série Apollo, incluindo a mais famosa de todas, a missão Apollo 11 de Neil Armstrong, Edwin "Buss" Aldrin e Michael Collins.

FotoO Mount Marilyn fotografado pela tripulação da missão Apollo 10 na órbita lunar em maio de 1969 - NASA.

FotoO Mount Marilyn fotografado por VTOL em 10‎ de ‎março‎ de ‎2012, ‏‎00:58:32 (03:58:32 UT) – foto com apenas 1 frame - VTOL.

FotoO Mount Marilyn fotografado por VTOL em 10‎ de ‎março‎ de ‎2012, ‏‎01:11:04 (04:11:04 UT) – apenas 1 frame - VTOL.

ImagemO Mount Marilyn fotografado pela sonda lunar LRO - NASA.

 

A solicitação de nominação para a IAU:

Apesar de Mount Marilyn ter se tornado um nome “oficial” para os astronautas do programa Apollo, simbolicamente, como uma espécie de marco ou ponto inicial para o primeiro pouso lunar tripulado, os vários pedidos feitos Jim Lovell e seus companheiros, para que a IAU adotasse tal nome como nomenclatura oficial nos mapas da Lua, não foram atendidos.

Mount Marilyn representa mais do que apenas uma montanha com formato diferenciado que foi útil na época romântica dos voos lunares tripulados. Mount Marilyn representa um pedaço importante da história, que remete a todas as pessoas que dedicaram intensos esforços para concretizar o grande sonho americano de fazer o homem caminhar na Lua e trazê-lo em segurança de volta para a Terra. Por tudo isso, até hoje, mais de 46 anos após a missão Apollo 8, o veterano astronauta Jim Lovell e seus companheiros ainda esperam que a IAU reconsidere as negativas aos seus pedidos. 

Bo

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