Sobre Telescópios
- Existem basicamente 3 tipos de telescópios:
- Refratores;
- Refletores;
- Catadióptricos.
Refrator:
- Possui como objetiva (elemento primário ou principal de captura de luz) uma lente ou conjunto de lentes.
Refletor:
- O dispositivo principal para captura de luz é um espelho.
Catadióptrico:
- Usa combinação de lentes e espelhos para captar a luz.
Como funciona um Telescópio ?
- A lente objetiva (em Refratores) ou o espelho primário (nos Refletores) captam muita luz de um objeto distante e trazem (refratam ou refletem) essa luz, ou imagem brilhante, para um ponto focal ou foco;
- Uma lente chamada ocular "captura" e amplia a imagem brilhante do foco para que ocupe uma grande porção da retina do observador.
Sobre os REFRATORES:
Hans Lippershey, de Middleburg, na Holanda, inventou o Telescópio Refrator em 1608. Os militares foram os primeiros a utilizá-lo. O cientista Galileu Galilei foi o primeiro a utilizá-lo para astronomia em 1609.
Os Refratores são compostos pelas seguintes partes:
- um tubo longo feito de metal, plástico ou madeira;
- uma ou mais lentes de vidro na extremidade dianteira (objetiva);
- uma segunda lente de vidro (ocular) na extremidade traseira.
Ponto Focal ou Foco: ponto em que a luz de uma lente ou espelho se junta;
Distância Focal da Objetiva ou do Telescópio: distância requerida por uma lente ou espelho para focalizar a luz.
Tipos de Refratores:
Refratores ACROmáticos:
- Utilizam lentes que não estão corrigidas para impedir a aberração cromática, que é uma auréola lilás ou roxa que aparece ao redor de imagens brilhantes quando vistas pelo Refrator.
- Em vez disso, eles costumam ter lentes "revestidas" (Fully Multi-Coated) para reduzir esse problema.
Refratores APOcromáticos:
- Usam projetos com múltiplas lentes, incluindo aquelas feitas de outros tipos de vidro (como fluorita ou FLP-53/ ED – Extra Low Dispersion) para impedir a aberração cromática e melhorar a nitidez.
- Os Refratores APOcromáticos são muito mais caros do que Refratores ACROmáticos.
Características dos Refratores:
- Os Refratores possuem uma ótima resolução, suficiente para ver detalhes em planetas e estrelas binárias.
- No entanto, é difícil criar grandes lentes objetivas (acima de 100 mm) para esses telescópios.
- Além disso, eles são mais caros (lentes), se levarmos em consideração o preço por milímetro de abertura, comparado com os Refletores (espelho – mais barato).
- Como a abertura é limitada, um Refrator não é tão bom para observar objetos tênues em céu profundo (Deep Sky), quanto outros tipos de telescópios que usam espelho e possuem maior abertura.
- O tubo fechado do Refrator mantém as lentes no lugar a uma distância correta uma da outra (sem necessidade de alinhamentos (colimações) executados pelo usuário). O tubo também ajuda a evitar a poeira, umidade e luz, que poderiam interferir na formação de uma boa imagem.
Sobre os REFLETORES:
- Isaac Newton desenvolveu o Telescópio Refletor (conhecido como Telescópio Newtoniano) por volta de 1680, como uma maneira de consertar o problema da aberração cromática que atingia os Refratores de sua época.
- Em vez de usar uma lente para captar luz, Newton usou um espelho de metal curvo (espelho primário) para captar essa luz e refleti-la para o foco.
- Espelhos não têm problemas de aberração cromática como lentes. Então, Newton colocou o espelho primário na parte traseira do tubo.
- Telescópios Refletores utilizam um espelho primário côncavo, posicionado na traseira do tubo, para coletar a luz e formar a imagem. No telescópio refletor Newtoniano, a luz é refletida de volta para um pequeno espelho inclinado em 45º (espelho secundário), posicionado na parte frontal do tubo, que desvia a luz para uma abertura lateral do tubo, onde fica a ocular;
- O espelho secundário obstrui uma pequena parte da entrada de luz na parte frontal do tubo.
Características dos Refletores:
- O refletor é simples e não é caro para ser fabricado. Espelhos primários com grande abertura, maiores do que 250 mm, podem ser fabricados com certa facilidade, o que significa que os refletores têm um custo relativamente baixo por unidade de abertura.
- Eles têm grande capacidade de captação de luz e podem produzir imagens brilhantes de objetos tênues no espaço distante, tanto para observação visual como para fotografia de corpos celestes.
- Uma desvantagem dos refletores é sua manutenção. De vez em quando você terá que limpar a poeira que entra pela abertura frontal. Também terá que alinhar os dois espelhos (colimação) com certa freqüência.
- Outra desvantagem é que, as superfícies dos espelhos, podem sofrer degradação com o tempo.
- Além disso, pequenos erros na fabricação dos espelhos podem distorcer a imagem. Nesse caso, estes são alguns dos problemas comuns:
- > Aberração esférica: a luz refletida de volta pela extremidade do espelho fica focada em um ponto levemente diferente do que a luz refletida pelo centro do espelho;
- > Astigmatismo: o espelho não é posicionado simetricamente sobre seu centro e imagens de estrelas ficam focadas como cruzes em vez de pontos;
- > Coma: estrelas próximas à extremidade do campo de visão parecem alongadas, como se fossem cometas e as do centro aparecem como pontos de luz.
- Além do mais, todos os refletores estão sujeitos a alguma perda de luz, que acontece por duas razões:
> a primeira é que o espelho secundário obstrui uma parte da luz que chega ao telescópio;
> a segunda é que nenhum revestimento refletivo de um espelho devolve 100% da luz que o atinge. Os espelhos de melhor qualidade devolvem 90% da luz recebida.
Sobre os CATADIÓPTRICOS ou COMPOSTOS:
- Os telescópios Catadióptricos são equipamentos híbridos, que têm tanto elementos Refratores quanto Refletores em seu design óptico.
- O primeiro desses telescópios foi criado pelo astronômo alemão Bernhard Schmidt, em 1930. O telescópio de Schmidt tinha um espelho primário na parte traseira e uma placa corretora (lente de vidro) na parte frontal para remover a aberração esférica do espelho primário.
Catadióptricos - Schmidt-Cassegrain
Atualmente, o design Schmidt-Cassegrain, inventado nos anos 60, é o tipo mais popular de telescópio. Possui placa corretora (lente) plana e usa um espelho secundário que rebate a luz por um buraco no espelho primário até chegar à ocular.
Catadióptricos - Maksutov-Cassegrain
- O segundo tipo de telescópio composto foi inventado por um astrônomo russo chamado D. Maksutov em 1941 (o astrônomo holandês A. Bouwers também tinha criado um design semelhante).
- O telescópio de Maksutov, que usa o design óptico Maksutov-Cassegrain é semelhante ao projeto de Schmidt, mas usa uma placa de lente corretora com forma mais esférica (chamada de menisco-divergente).
Maksutov-Cassegrain
Características dos Catadióptricos:
- Telescópios Catadióptricos possuem configuração que proporciona equipamentos pequenos, portáteis e com excelente poder de ampliação.
- No entanto, requer maior tecnologia para serem fabricados o que os tornam mais caros.
Sobre OCULARES:
Parte importantíssima do conjunto de observação. Oculares são lentes intercambiáveis que influenciam nas características óticas do Telescópio, tais como:
- - Aumento (oculares com distâncias focais diferentes, proporcionam aumentos diferentes);
- - Qualidade da imagem;
- - Largura do campo de visão.
- Existem muitos tipos de oculares que vão das mais simples com design óptico do tipo Ramsdem, com apenas dois elementos, até as mais sofisticadas e caras como Nagler e Ethos, com ótica de seis ou mais elementos.
- Cada tipo possui características peculiares quanto à largura do campo de visão, correção e eliminação de aberrações.
- Abaixo, uma típica ocular de design óptico do tipo Plössl, que é muito popular devido ao bom custo/desempenho que oferece:
- Uma ocular é a segunda lente de um Refrator ou a única de um Refletor.
- Oculares possuem muitos designs óticos diferentes que consistem na combinação de uma ou mais lentes.
- Há muitos tipos de designs para as oculares:
Ramsden
Huygens
Ortoscópica
Kellner e RKE
Erfle
Plössl
Nagler
Ethos
Barlow (em conjunto com outra ocular aumenta a ampliação em duas ou mais vezes).
Alguns exemplos de Oculares:
- As ortoscópicas foram inventadas por Ernst Abbe em 1880. Elas têm quatro elementos e um campo de visão aparente (quanto do céu, em graus, é visto de uma extremidade a outra usando a ocular ) de 45º, que é um tanto quanto estreito. O design ótico proporciona uma visão nítida e bom alívio de olho e é considerada excelente para observar planetas.
- As oculares Plössl, por sua vez, possuem designs de quatro ou cinco elementos e um campo de visão de 50º. Sua qualidade é boa, especialmente para observar planetas, mas apresentam um pouco de astigmatismo, especialmente na extremidade do campo. As oculares Plössl são bastante populares.
- As oculares Nagler foram introduzidas em 1982, anunciadas com a frase: "como se você estivesse passeando pelo espaço". Têm um design de sete elementos e um campo de visão largo, com 82º. Podem pesar até 1 kg e são caras.
PRINCIPAIS PROPRIEDADES DE UM TELESCÓPIO:
Um telescópio tem duas propriedades importantes
- sua capacidade de captar a luz (abertura);
- sua capacidade de ampliar a imagem (aumento).
Propriedades Importantes:
- A capacidade que um telescópio tem de captar a luz está diretamente relacionada ao diâmetro da lente ou do espelho – a abertura – que é usada para captar a luz.
- Geralmente, quanto maior a abertura, mais luz o telescópio capta e traz para o foco, deixando a imagem final mais brilhante.
- Uma característica importante num telescópio é o seu poder de resolução, o qual é diretamente proporcional ao diâmetro da objetiva e determina a capacidade do telescópio em separar e tornar acessível detalhes muito sutis.
- Portanto, em relação à abertura, o aumento é o fator de menor importância na avaliação da qualidade de um telescópio.
- O poder de ampliação do telescópio ou sua capacidade de aumentar uma imagem, depende da distância focal do telescópio e da ocular utilizada.
- A ocular é que realiza essa ampliação. Ampliações diferentes podem ser obtidas com o uso de oculares diferentes.
- A maioria dos objetos astronômicos (principalmente os objetos de céu profundo) é melhor visualizada com baixa ampliação para que possa captar a maior quantidade possível de luz.
- Por isso, a abertura acaba sendo a característica mais importante do que a ampliação.
Aumento no Telescópio:
O aumento no telescópio é uma característica variável e depende de dois fatores:
- - Comprimento ou distância focal do telescópio;
- - Comprimento ou distância focal da ocular.
Para calcular o aumento, é só dividir a Distância Focal do Telescópio pela Distância Focal da Ocular, ou seja:
- AUMENTO = Dist. Focal Telescópio / Dist. Focal Ocular;
- Exemplo: Um Telescópio com 900mm de Distância Focal usando uma Ocular com 9mm de Distância Focal teria, com essa combinação, o seguinte aumento:
AUMENTO = 900 / 9 = 100 X
- Conforme a ampliação de uma imagem aumenta, o campo de visão e o brilho da imagem diminuem.
- Uma regra geral que você deve saber sobre a ampliação, é que o aumento útil máximo (aproximado) de um telescópio, é em média = 50X por unidade de polegada de sua abertura (ou 2X a sua abertura em mm).
- Exemplo: Um telescópio Refrator com 120mm (4,7 Polegadas) de diâmetro, teria um aumento útil máximo aproximado de:
4,7 polegadas X 50 = 235 vezes de aumento
ou
120 mm X 2 = 240 vezes de aumento.
Razão Focal ou focal ratio à ( f/ ):
- Como já mencionado, a abertura é uma característica de grande importância na qualidade de imagem de um telescópio.
- A abertura determina o poder de resolução e a quantidade de luz que o instrumento será capaz de capturar e conseqüentemente a capacidade de observar detalhes sutis de objetos de pouca luminosidade (nebulosas, galáxias, etc).
- Razão Focal (f/ ) define a claridade e depende da Distância Focal do Telescópio (ou seja, distância focal do espelho ou da lente objetiva) e do Diâmetro (abertura) do Espelho ou Lente objetiva.
- Razão Focal =Dist. Focal do Telescópio (mm) / Diâmetro do Espelho ou Lente Objetiva (mm);
Exemplo: Um Telescópio Refrator com 900mm de Distância Focal, que possui objetiva de 120mm de diâmetro, teria a seguinte razão focal:
Razão Focal = 900 /120;
Logo Razão Focal = 7,5 ou f/7,5
Podemos também, classificar os telescópios da seguinte forma:
Raz. Focal Claridade Melhor Aplicação Observacional:
f/4 Muito claro bom p/ visualizar objetos de céu profundo
f/6 Claro bom p/ visualizar objetos de céu profundo
f/8 Claridade média bom p/ todos os tipos de observação
f/10 Pouco claro bom p/ Lua, Planetas e Estrelas Duplas
f/12 Escuro bom p/ Lua, Planetas e Estrelas Duplas
A escolha da razão focal depende da aplicação e do tipo de observação:
- Comprimentos focais longos produzem maior aumento mas, diminuem a claridade e estreitam o campo de visão. São mais indicados para observação planetária.Também deixam os telescópios refratores mais longos e difíceis de transportar.
- Comprimentos focais curtos produzem menor aumento, porém com maior luminosidade e maior largura do campo de visão e facilita o transporte. São mais indicados para observação de objetos de céu profundo (Deep Sky).
Tripés / Montagens
- A Montagem é uma parte importante do conjunto. Deve ser firme e estável, além de permitir movimentos suaves e facilidade de posicionamento em qualquer parte do céu.
- Os dois tipos de montagens existentes para astronomia são:
Altitude-Azimute (Alt-Azimutal)
Equatorial.
Tipos de tripés e montagens:
Alt-Azimutal
Tripé equatorial:
Montagem Alt-Azimutal
- Montagens Alt-Azimutais são mais simples, leves, fáceis de usar e mais baratas do que as equatoriais.
- É um tipo de montagem semelhante ao tripé de uma câmera fotográfica, porém mais sofisticado.
- Usa um eixo vertical (altitude) e um horizontal (azimute) para acompanhar um objeto pelo espaço.
- Movimenta-se os dois eixos (horizontal e vertical), usando geralmente “flex cables” de ajustes finos (fazendo pequenos zigue-zagues) para acompanhar a trajetória de um objeto no céu, à medida que ele vai saindo do campo de visão da ocular. Os movimentos nos dois eixos compensam o movimento de rotação da Terra.
Montagem Equatorial
- A montagem Equatorial utiliza dois eixos (Ascensão Reta e Declinação) para rastrear o movimento de um objeto pelo espaço.
- A montagem Equatorial é mais complexa. Precisa ser configurada com o ângulo da latitude do local onde será executada a observação e deve ser alinhada na direção exata do Pólo Sul Celeste (ou Norte no outro hemisfério).
- Montagens Equatoriais são mais caras e mais pesadas do que as Alt-Azimutais e, além da necessidade do alinhamento com o Pólo Celeste, costumam ter contrapesos para equilibrar o peso do telescópio.
- Após o alinhamento correto com o Polo é possível ajustar as coordenadas do objeto alvo (Ascensão Reta e Declinação) para acompanhar o seu movimento no céu e mantê-lo no campo de visão (na realidade, para compensar ou anular o movimento de rotação da Terra).
- Para o acompanhamento, necessita-se reajustar apenas um dos dois eixos (o eixo de Ascensão Reta).
- Quando alinhada corretamente, a montagem equatorial permite que o telescópio siga o movimento do objeto celeste suavemente, na forma de arco que uma estrela faz pelo céu.
Montagens Alt-Azimutal e Equatorial
- Nos dois tipos de montagem existem versões equipadas com motores, conhecidos como “Clock Drive”, que compensam a rotação da Terra e mantém o telescópio fixo no objeto celeste observado. No caso de astrofotografias de longa exposição o “Clock Drive” numa montagem equatorial é um requisito obrigatório.
- Os dois tipos de montagens motorizadas também podem ser computadorizadas, processando softwares específicos com o uso de base de dados de posições e informações sobre objetos celestes. Uma vez que a montagem esteja configurada e alinhada, com um simples toque de tecla, comanda-se a montagem para que o telescópio encontre e acompanhe um objeto no céu, além de mostrar informações sobre o objeto.