A verdade sobre o Dia Nacional da Astronomia. Eu estava presente. - por Nelson Travnik.
LEI Nº 13.556, DE 21 DE DEZEMBRO DE 2017.
Fica instituído o Dia Nacional da Astronomia, a ser celebrado anualmente no dia 2 de dezembro.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1o Fica instituído o Dia Nacional da Astronomia, a ser celebrado anualmente no dia 2 de dezembro.
Art. 2o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 21 de dezembro de 2017; 196o da Independência e 129o da República.
MICHEL TEMER
ASTRÔNOMOS CELEBRAM O DIA DA ASTRONOMIA
Neste sábado, astrônomos de todo País estarão comemorando o seu dia. Tudo começou durante o 2º Encontro de Astronomia do Nordeste, celebrado em Recife, PE, de 30/6 a 3/7 de 1978 quando aprovamos por unanimidade a Moção apresentada pelo Dr. Marijeso A. Benevides, para que fosse considerado D. Pedro II (1825-1891), Patrono da Astronomia Brasileira. A partir dessa data, a efeméride ganhou força e a data de 2 de dezembro, dia do nascimento do Imperador, passou a celebrar o Dia Nacional da Astronomia, o Dia do Astrônomo.
M O T I V O S
Foram muitos. Astrônomos que o conheciam eram unânimes em reconhecer que ele conhecia a fundo a ciência do céu. Modernizou o Imperial Observatório do Rio de Janeiro criado por seu pai, D. Pedro I , contratando astrônomos europeus de renome. No Observatório possuía um gabinete para repousar após horas de estudos e observações. Mantinha contato com grandes nomes da astronomia mundial, entre eles o francês Camille Flammarion (1842-1925) que o convidou para juntos inaugurarem seu Observatório de Juvisy em 29/07/1887. Era sócio da Sociedade Astronômica da França sob nº 85 – o primeiro brasileiro a figurar nessa famosa entidade . Sua devoção a ciência do céu pode ser avaliada em sua residência, o Palácio de São Cristovão, hoje Museu Nacional, onde no telhado instalou um observatório astronômico que recebia alunos para ensinar a observar o céu e usar os instrumentos. Na área da pesquisa, realizou inúmeras observações importantes dentre as quais a que efetuou com Luiz Cruls do Imperial Observatório, a primeira análise espectroscópica de um cometa. Também empreendeu observações do eclipse solar de 1857. Sob forte oposição do Parlamento, concedeu as verbas necessárias aos astrônomos para instalação de três missões científicas : uma em Olinda, Pe, outra em Punta-Arenas, Patagônia chilena e outra na Ilha de S. Tomás nas Antilhas, para observação da rara passagem do planeta Vênus pelo disco solar, algo que só viria se repetir em 08/06/2004. As observações foram um sucesso pois permitiram desenvolver cálculos precisos para determinar a distância Terra-Sol e com isso as demais distâncias dos outros planetas. Mas nem tudo eram flores e várias vezes o Imperador teve que dispor de parte de seus proventos para contribuir naquilo que achava importante. Assim, doou vários instrumentos ao Imperial Observatório, adquiriu uma luneta astrográfica para ser usada no programa internacional da Carta do Céu e por fim encomendou um grande telescópio na Inglaterra o qual, desgraçadamente, chegou no Rio na ocasião da Proclamação da Republica e os republicanos não perderam tempo : mandaram o telescópio de volta a Inglaterra ! Em 1890, já no exílio, D. Pedro II foi homenageado pelo astrônomo francês A. Charlois (1864-1910) que batizou com o nome ‘Brasília’, o asteróide numero 293 por ele descoberto no Observatório de Nice. Seus restos mortais repousam na Catedral de Petrópolis, RJ, mas seu espírito certamente está em meio as estrelas que ele sempre amou.
Nelson Travnik é astrônomo em Campinas e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.