AS SOMBRIAS PREVISÕES DO CALENDÁRIO MAIA - por Nelson Travnik*
Desde os primórdios da civilização, tanto a harmonia como catástrofes naturais, tem sido interpretadas como intervenção divina. Em todas as culturas está presente a crença que assim como houve um começo, também haverá um fim. Até hoje não faltam profecias e arautos do ‘fim dos tempos’. É difícil enumerar, quantas vezes anjos trombeteiros anunciaram o fim da humanidade. De todas as profecias, a mais comentada atualmente refere-se aquela contida no Calendário dos Maias. Afinal, que calendário é esse desenvolvido por uma civilização que nem conhecia a roda ? Como conseguiram, pelas posições do planeta Vênus, estabelecer um calendário mais preciso que os europeus ?
UM CALENDÁRIO COMPLEXO
Na cidade de Chichén Itzá, os astrônomos-sacerdotes erigiram um observatório conhecido como ‘El Caracol’. Conseguiram confeccionar tabelas para previsões dos eclipses solares e lunares, conjunções de planetas e medir com precisão os movimentos do Sol, Lua e do planeta Vênus. Isto permitiu estabelecer três calendários, caso único no mundo. O Haab solar de interesse civil com um período de 365 dias, com 18 meses; o Tzolkin que era um calendário ritual de 260 dias e o Cálculo Longo, usado para calcular longos períodos de tempo.
O Calendário Tzolkin se reunia ao Haab em um complexo ciclo em que os dias de cada um desse calendário, terminavam por se encontrar no mesmo ponto a cada 52 anos quando então começava novo ciclo. O terceiro calendário, o Cálculo Longo, era baseado numa unidade de 360 dias chamada de ‘tun’. Segundo alguns especialistas, o inicio do Cálculo Longo ocorreu em 11 de agosto de 3114 a.C. com o 5º Grande Ciclo e que terminará em 21 de dezembro de 2012.
Segundo a cosmologia maia, nosso planeta possui 5 grandes ciclos, ou eras, cada um com 5.125 anos. No final do 5º Ciclo profetizaram que iria ocorrer uma mudança radical com violentos terremotos, erupções vulcânicas e furacões devastadores. Mas os maias nunca afirmaram que isso era o fim do mundo e sim um período gradual de transformação. Para eles, segundo o pesquisador Steven Alten, 4 já passaram e todos terminaram em destruição e renovação. Os maias acreditavam que o ‘universo’ era destruído e recriado novamente. Se pensarmos que nosso planeta já foi alvo de 5 extinções em massa e que a natureza se encarregou de recompor tudo novamente, a crença dos maias é realmente extraordinária !
Outrossim é valido assinalar que existem divergências entre o calendário maia e o gregoriano que utilizamos. Assim sendo, estudiosos acreditam que as atuais conversões podem estar erradas em cerca de 50 ou 100 anos. Isto se estiver correto, mudaria o suposto e exagerado ‘apocalipse’ de 2012 para décadas à frente ou décadas atrás. Talvez os maias tenham se enganado e não seja preciso muitas dores para o parto de uma nova civilização ou nova mentalidade. Assim, é possível que não tenhamos mais catástrofes do que o normal, no contexto de uma civilização que destrói seu próprio ecossistema em nome de um desenvolvimento que é conhecido como, muito dinheiro para poucos e o resto que se dane ! Se o mundo não acabar em 2012, teremos mais tempo, mas se o mundo acabar, vamos usar o tempo que nos resta para torná-lo melhor.
*Nelson Travnik é astrônomo dos observatórios astronômicos municipais de Americana e Piracicaba ,SP, e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.