O QUE SABEMOS SOBRE MARTE?
Por Bruno Vieira Gonçalves -
Foi durante o século XIX que apareceram os maiores estudiosos desse planeta, os que contribuíram com observações valiosas sobre as principais configurações observadas telescópicamente na superfície marciana.
Talvez o observador mais altamente levado em conta foi Flammarion que iniciou uma era de observações sistemáticas desse planeta, com registros de observações minuciosas e muito precisas e curiosamente utilizando aumentos de até 1000x ou mais em lunetas com aberturas superiores a 175mm. Depois temos Proctor e Green como os primeiros a elaborarem um planisfério de marte, conjuntamente com o italiano Schiaparelli seguido por Lowel e para definitivamente serem estabelecidos parâmetros mais precisos quanto à observação telescópica das variações na coloração e das configurações mais evidentes através do observador Antoniadi. Do observatório gelado em Meudon na França e armado com uma luneta de cerca de 15 metros de comprimento e 83 cm de abertura, Antoniadi estabeleceu e deixou os seus registros das configurações na superfície marciana e das variações nas calotas polares e sobre as variações do anel que as circundam determinando assim as estações marcianas, e com isso tentar estabelecer uma periodicidade entre elas embora ainda inexata quanto às datas de reincidências delas, pois esse planeta parece adquirir personalidade própria quando súbitamente encobre as manchas em sua superfície ou mesmo quando observamos deformações ou modificações nas bordas delas, nos limites entre as regiões escuras e claras.
Ele confirmou também que a intensidade das estações em marte não é a mesma nos dois hemisférios. No verão marciano, o pólo sul tem a sua calota polar diminuída por verões muito quentes, e invernos extremamente frios. No hemisfério norte os verões são mais frescos e os invernos menos rigorosos. A extensão das calotas polares em marte indicam o rigor do clima nas regiões próximas aos pólos. Quando uma
delas desaparece o limbo local pode apresentar irregularidades devido aos relevos montanhosos. E deixo um aviso aos observadores de marte nessa próxima oposiçao dele em abril de 2012 sobre quanta paciência se precisa para se efetuarem observações telescópicas úteis desse planeta. Basta apenas lembrar que no mínimo dois fatores que podem passarem despercebidos e influenciam decisivamente na observação desse planeta é pelo fato de ela ser feita através de duas atmosferas, a nossa e a de marte, com ambas sujeitas a variações climáticas, e ainda por causa da rotação dos dois planetas que acabam permitindo somente uma boa observação da região central do disco do planeta apenas durante um par de horas por noite, e não mais do que 40 noites seguidas durante as oposições que só acontecem somente a cada dois anos.
Bruno é, atualmente, membro ativo do Astro Fórum