COMO SERÁ O ECLIPSE LUNAR TOTAL DE 21/01/2019?
18/01/2019
COMO SERÁ O ECLIPSE LUNAR TOTAL DE 21/01/2019?
Por Helio C. Vital / RJ
Na madrugada da próxima segunda-feira, ocorrerá um belo eclipse total com a Lua bem posicionada à meia altura no céu, entre o Norte e o Oeste. Observada desde o Rio de Janeiro, ela terá as seguintes coordenadas horizontais (altura, azimute) durante o evento (TL): Início (U1) - 01:33 (45°,348°), Meio do Eclipse - 03:12 (36°, 324°), Fim (U4) - 04:51 (20°, 304°).
A magnitude do eclipse (1,2) nos informa que a Lua atravessará uma região menos profunda, e consequentemente, menos escura da sombra da Terra, o que deverá, juntamente com a ausência de erupções vulcânicas muito intensas nos últimos anos, constituir garantia de um eclipse brilhante e colorido.
Durante a fase total, a Lua desempenhará a função de uma tela altamente sensível onde ser-nos-ão mostrados todos os pores e nasceres do Sol acontecendo naquele instante na Terra. Pouco antes do início da totalidade, ela poderá se tingir levemente de uma tonalidade azulada, causada pela presença de ozônio em maiores concentrações em altas latitudes setentrionais. Além disso, caso houvesse uma quantidade significativa de aerossois vulcânicos, essa tela teria seu brilho atenuado.
Em consequência da pequena penetração de sua trajetória na umbra, durante a totalidade, a Lua apresentar-se-á predominantemente alaranjada, permanecendo pelo menos uma magnitude mais brilhante que Sírius. Não deixem de tentar estimar o brilho dela no meio do eclipse, seja avaliando sua magnitude visual ou o Número de Danjon do eclipse. Desde 1990, temos analisado esses parâmetros para determinar a variação temporal da redução no brilho da Lua totalmente eclipsada em função da geometria do eclipse ou do efeito de vulcões. O uso do método do binóculo invertido permitirá estimá-lo, comparando-o com o de estrelas próximas, observadas com a outra vista (desarmada). Com base em correlações que desenvolvemos, estamos prevendo m=-2,7(+-0,3) para a magnitude visual da Lua no meio do eclipse e Número de Danjon (L) próximo a 3.
Outra atividade de importância científica ao alcance de astrônomos amadores é a cronometragem dos contatos de crateras, para fins de determinação do raio da umbra (a parte mais escura da sombra da Terra). Se conseguíssemos um bom número de observadores que aceitassem esse desafio, provavelmente obteríamos uma estimativa desse parâmetro com incerteza apropriada para confirmar essas previsões. Esperamos que a estratosfera apresente-se com propriedades ópticas tais que nossa atmosfera contribua em aproximadamente (1,75+-0,05)% do raio da umbra, levemente abaixo de seu valor médio de (1,85+-0,12)%. A tabela abaixo lista nossas previsões para os instantes dos contatos.
A incerteza nas previsões é de +-0,2 minuto, aproximando-se da discrepância média observacional.
CRATERA CONTATO TUC (H,M,S) ANG UMB (°)
Início Parc. (U1) IMERSAO 3:33:41.7 27.81
Riccioli IMERSAO 3:35:43.6 32.26
Grimaldi IMERSAO 3:36:24.5 31.36
Billy IMERSAO 3:40:32.4 28.63
Kepler IMERSAO 3:48:40.0 37.79
Campanus IMERSAO 3:48:47.1 24.47
Aristarchus IMERSAO 3:50:47.4 44.14
Tycho IMERSAO 3:55:41.1 20.52
Copernicus IMERSAO 3:57:15.0 39.27
Birt IMERSAO 3:57:26.5 27.16
Pytheas IMERSAO 4: 0:27.1 43.87
Timocharis IMERSAO 4: 6:14.4 46.92
Nicolai IMERSAO 4: 9:10.0 22.06
Abulfeda IMERSAO 4: 9:32.1 31.39
Bullialdus IMERSAO 4:12: 4.0 29.16
Manilius IMERSAO 4:13:28.2 42.87
Dionysius IMERSAO 4:14:44.7 38.31
Pico IMERSAO 4:15:32.6 55.02
Menelaus IMERSAO 4:17:23.6 44.02
Plato IMERSAO 4:17:41.0 57.18
Stevinus IMERSAO 4:20:23.4 26.05
Plinius IMERSAO 4:20:52.8 44.04
Censorinus IMERSAO 4:21:17.4 37.73
Goclenius IMERSAO 4:23:54.7 34.27
Eudoxus IMERSAO 4:24:49.6 55.67
Aristoteles IMERSAO 4:26:35.4 57.89
Posidonius IMERSAO 4:27:23.2 51.34
Taruntius IMERSAO 4:28:14.7 40.89
Langrenus IMERSAO 4:29: 6.7 35.25
Proclus IMERSAO 4:30:38.8 45.44
Mare Crisium IMERSAO 4:34:36.3 46.28
Inicio Tot. (U2) I MERSAO 4:41:13.0 57.61
Fim Tot. (U3) EMERSAO 5:43:35.2 43.67
Aristarchus EMERSAO 5:54:24.6 30.38
Riccioli EMERSAO 5:55:53.7 18.54
Plato EMERSAO 5:56:49.0 43.34
Grimaldi EMERSAO 5:57:41.5 17.64
Pico EMERSAO 5:59: 9.5 41.19
Kepler EMERSAO 6: 2: 6.4 24.04
Aristoteles EMERSAO 6: 4:13.4 44.04
Pytheas EMERSAO 6: 4:40.5 30.10
Billy EMERSAO 6: 4:57.7 14.91
Timocharis EMERSAO 6: 5:17.0 33.13
Eudoxus EMERSAO 6: 7: 7.1 41.83
Copernicus EMERSAO 6: 8:40.3 25.51
Campanus EMERSAO 6:17:11.8 10.74
Posidonius EMERSAO 6:18:13.7 37.52
Manilius EMERSAO 6:19:22.4 29.09
Menelaus EMERSAO 6:21:24.0 30.23
Birt EMERSAO 6:23:34.1 13.42
Plinius EMERSAO 6:24:49.1 30.25
Tycho EMERSAO 6:26:58.8 6.80
Dionysius EMERSAO 6:27:33.5 24.55
Abulfeda EMERSAO 6:31:14.7 17.65
Proclus EMERSAO 6:32: 4.8 31.64
Mare Crisium EMERSAO 6:34:28.3 32.48
Censorinus EMERSAO 6:34:50.6 23.96
Bullialdus EMERSAO 6:36: 9.9 15.41
Taruntius EMERSAO 6:37: 2.8 27.11
Nicolai EMERSAO 6:39:23.7 8.32
Goclenius EMERSAO 6:41:58.1 20.52
Langrenus EMERSAO 6:45:44.8 21.49
Stevinus EMERSAO 6:47:13.9 12.30
Fim Parcial (U4) EMERSAO 6:51: 1.7 14.02
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Muito agradeceríamos àqueles que realizarem cronometragens e/ou estimativas de brilho e enviarem tais registros para nós: [email protected]
Se possível, respondam também as seguintes perguntas:
(1) No meio do eclipse, a Lua estava quantas vezes mais brilhante que a estrela Sírius (1x, 1,5x, 2x, ...)?
(2) Você notou alguma coloração azulada na Lua em torno dos instantes de início e/ou fim da fase total?
(3) Você notou que, em geral, nossas previsões de contato se anteciparam, coincidiram ou se atrasaram durante as imersões? E durante as emersões?
Saberia quantificar essa diferença média?
Muito obrigado por sua valiosa contribuição e boas observações!
Veja também: http://www.geocities.ws/lunissolar2003