O ECLIPSE DE FLAMMARION - por Nelson Travnik.
O ECLIPSE DE FLAMMARION
Por Nelson Travnik *
Como amplamente divulgado no meio astronômico, no próximo dia 26 de fevereiro estará ocorrendo um eclipse anular do Sol, cuja faixa de anularidade passará pela parte sul do Oceano Pacífico e do Oceano Atlântico, indo atingir a África em Angola. O eclipse pertence ao Saros nº 140. Para nós, o interessante é que ele será observado também do Brasil como parcial, e da Argentina e Chile em toda a sua plenitude, o que favorece uma viagem a esses países vizinhos. A esse respeito, várias associações e clubes de astronomia da Argentina estão programando observações e os interessados do Brasil já estão se monopolizando para observar o fenômeno junto com nossos “hermanos”. As efemérides para o Brasil podem ser conferidas no Anuário Astronômico Catarinense 2017 do nosso colega Alexandre Amorim, onde podemos conferir a fração (percentual) eclipsada do diâmetro solar para 20 capitais do País, com os horários já para o fuso de Brasília (GMT -3), bem como a alt. e az.. Em São Paulo esse valor será de 51%, no Rio de Janeiro de 54%, em Belo Horizonte de 44% e assim por diante. O maior percentual será em Porto Alegre com 65%.
Em São Paulo o início será às 10:02:47, máximo 11:30:11, fim 12:59:44, alt. 71°, az. 40°. Em Belo Horizonte início às 10:16:57, máximo 11:43:18, fim 13:09:16, alt. 77°, az. 29°. No Rio de Janeiro início às 10:10:29, máximo 11:40:46, fim às 13:10:50, alt. 74° az. 23°.
Os últimos eclipses anulares do Sol visíveis no Brasil foram: 24/12/1973, 10/08/1980, 29/03/1987 e 29/04/1995, este último visível na região norte do País, e observado entre outros por Marcomede R. Nunes, do Observatório Nacional, de saudosa memória.
O ECLIPSE DE FLAMMARION
Proponho que este eclipse seja conhecido como “O Eclipse de Flammarion” e as razões são simples: nesse dia, em 1842, nasceu num sábado a uma hora da manhã, no povoado de Montigny-le-Roi, Haute Marne, um dos maiores divulgadores da astronomia de todos os tempos, responsável pela eclosão de milhares de mentes voltadas à ciência do céu: Camille Flammarion (1842-1925). Acrescente-se que Flammarion na manhã de 9 de outubro de 1847, com apenas 5 anos, teve oportunidade de observar um eclipse solar anular, com a faixa de anularidade passando sobre Montigny-le-Roi onde morava. Esse evento o impressionou e marcou profundamente, e foi o início para sua gloriosa carreira dedicada à ciência do céu. Flammarion, que no significado galo-romano é “aquele que leva a luz”, certamente o fez levando a luz das estrelas a multidões de pessoas interessadas em conhecer o céu e o que só a ciência astronômica é capaz de responder: de onde vim, onde estou e para onde vou.
A data de 26 de fevereiro é também importante na astronomia pois assinala o nascimento em 1786 do notável astrônomo Dominique François Arago, como também em 1802 do imortal escritor e admirador de Flammarion, Victor Marie-Hugo, ambos franceses.
* O autor é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.
Referências:
Amorim, Alexandre, “Anuário Astronômico Catarinense 2017”;
Flammarion, Camille, “Mémoires Biographiques et Philosophiques d’ um Astronome”, Ernest Flammarion, Éditeur, Paris 1911.