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CIÊNCIA Alô! Tem alguém na linha? por Nelson Travnik.

Travnik3
27/06/2020

CIÊNCIA

Alô! Tem alguém na linha? - por Nelson Travnik*

Existem questões tão fascinantes quanto a da vida extraterrestre? É o tema que desde o célebre “Guerra dos Mundos”, mais abastece os cofres da cinematografia. Ela é atualmente tópico de pesquisa em vários centros espalhados pelo mundo.

O que outrora era uma possibilidade, aproximou-se da realidade a partir da descoberta do primeiro exoplaneta na década de 1990. Os primeiros foram planetas gigantes. Com o aprimoramento de novas técnicas e instrumentos ultrassensíveis, foram descobertos planetas do tipo terrestre. No total, são mais de 5.500 descobertos, número desprezível na nossa galáxia, a Via Láctea que contém mais de 200 bilhões de estrelas! Os astrônomos já calcularam que ainda existem 50 bilhões de sistemas planetários a serem descobertos. Nesse raciocínio, é licito pensar que a nossa galáxia contem mais planetas do que estrelas, uma vez que um sistema planetário tal como nosso pode contar com vários planetas!  Uma vez confirmados incontáveis planetas em nossa galáxia, surge a pergunta: quantos deles podem ser nossos companheiros?

Para responder a isso, surgiu a exobiologia ou seja, a biologia de vida extraterrestre. Sabe-se que a matéria viva é extremamente complexa, resultado de reações químicas, combinando moléculas e flutuações estatisticamente improváveis. Isso mostra que a vida é um acidente raríssimo. Nos 4,5 bilhões de anos do nosso planeta, as primeiras manifestações de vida, seres unicelulares, só aconteceu nas tépidas águas dos oceanos primitivos numa atmosfera quase sem oxigênio, há 3,5 bilhões de anos. O instante de reprodução foi o momento mágico, o dedo de Deus segundo alguns pensam. Para que a evolução acontecesse até chegar à complexidade do ser humano, foram necessários 2,5 milhões de anos quando de uma mutação genética num grupo de primatas, nossos parentes mais próximos. O fenômeno da vida na Terra é, pois, uma singularidade estatística. Ela se caracteriza por seis propriedades fundamentais: nascem, crescem, alimentam-se, reagem ao meio ambiente, reproduzem e morrem. Quando ela aflora, está programada para morrer.

Para que ela venha a ocorrer em outros planetas, há algumas condições fundamentais: o planeta tem que estar na zona habitável, nem muito perto nem muito longe do astro central onde as condições favoreçam a existência de água em estado líquido aliado a área continental e área oceânica. Por último, o tipo de estrela com alguns parâmetros como luminosidade, tipo de radiação e temperatura. Na procura de vida extraterrestre, a astronomia conta com duas importantes ferramentas: observação através de meios ópticos e por radioastronomia. Enquanto os telescópios formam imagens a partir da luz visível, os radiotelescópios podem determinar as características de um corpo celeste a partir de ondas de raios X e outras que estão fora do intervalo do espectro visível. Ela funciona porque os corpos celestes emitem radiação eletromagnética de forma natural. Foi ela que permitiu detectar a radiação cósmica de fundo primordial observada hoje em todo o céu originada do Big Bang.

No âmbito da procura de vida em luz visível a astronomia conta com um arsenal de grandes telescópios com espelhos de 8, 9 e 10 metros de diâmetro. A grande expectativa é a construção do “European Extremely Large Telescope”, E-ELT, no deserto de Atacama, com incríveis 39,3 metros! Capaz de ler a capa de um jornal na Lua, ele irá imagear exoplanetas próximos e encontrar bioassinaturas em sua atmosfera numa tarefa muito difícil porque eles são ofuscados pelo brilho de sua estrela mãe. Da Terra para o espaço, o Telescópio Espacial Kepler em um período de quatro anos está observando simultaneamente 100 mil estrelas! Em 2022 deverá entrar em serviço o “Telescópio Espacial James Webb” com um espelho 2,5 vezes maior que o Hubble.

Talvez a mais poderosa fonte de informações para a vida extraterrestre, são os radiotelescópios. Sua importância é tão grande que trabalhos nessa área já foram premiados quatro vezes com o Prêmio Nobel! Quando olhamos para o céu em uma noite estrelada, não fazemos ideia da quantidade de informações que ele nos transmite a cada momento em ondas de rádio. Se os investimentos em telescópios ópticos são altos, em radiotelescópios não ficam atrás. No deserto de Atacama, a 5000 metros de altitude já está em operação as 66 antenas de 12 metros do “Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array”, ALMA, no Chile. Na África do Sul com 87 antenas de 12-15 metros, está sendo construído o “Square Kilometer Array”, SKA, o maior radiotelescópio do mundo!

Mas não é só. Radiotelescópios frequentemente combinados através da técnica chamada Radiointerferometria de Longa Base, VLBI, proporciona que observações em locais às vezes distantes se somem como se fossem obtidos por uma só antena maior. Esse processo se baseia no princípio físico que se cruzam as ondas de rádio que coincidem em fase onde a resultante se amplifica. Ambos ALMA e SKA, podem registrar imagens inéditas do nascimento de estrelas, galáxias, estudar e descobrir moléculas que se formam no espaço entre as estrelas em ondas milimétricas e submilimétricas que pouquíssimos telescópios conseguem. Nesses radiotelescópios são também incluídos procura de vida extraterrestre. Recentemente um estudo dos astrônomos Tom Wesbby e Christopher da Universidade de Tottingham do Reino Unido, publicado na conceituada revista The Astrophysical Journal, chegaram à conclusão que devem existir 36 civilizações inteligentes fora da Terra.  A pesquisa diz que para estimar o número de civilizações é necessário ter em conta há quanto tempo elas estariam enviando sinais de sua existência no espaço. Segundo cálculos, o contato com algumas dessas civilizações deverá ocorrer nos próximos 25-30 anos.  Os cientistas já chegaram à conclusão que, procurar transmissões de rádio inteligentes, elas deverão ser feitas na frequência natural do átomo de hidrogênio que é de 1420 mega-hertz, uma vez que o hidrogênio é o elemento mais abundante do universo.

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*Nelson Travnik é astrônomo, diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba Elias Salum e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

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