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Há 150 anos surgia, A PLURALIDADE DOS MUNDOS HABITADOS - por Nelson Travnik *.

19/02/2012

 

Há 150 anos surgia na França um livro abarcando um tema bastante polêmico: a vida em outros planetas. Mesmo para a comunidade científica, escrever sobre o assunto àquela época era um ato de coragem.

 

UMA IDÉIA ANTIGA

A possibilidade de existir outros mundos com formas de vida é antiga. Na Grécia já se pensava nisso. Epicuro (341 -270) dizia que assim como os átomos são infinitos em número, não há nenhum obstáculo para haver também um número infinito de mundos parecidos ou não com o nosso. Ao retomar a ideia, o filósofo italiano Giordano Bruno (1550-1600) em seu livro ‘Del Infinito Universo e Mondi’, além de defender o sistema heliocêntrico de Nicolau Copérnico (1473-1543), escrevia: “há incontáveis terras orbitando em volta de seus sóis da mesma maneira que os seis planetas do nosso sistema”. Como sabemos, essas ideias não agradaram a Igreja e a Inquisição por falta de retratação, acabou condenando-o à fogueira que aconteceu em Roma, no Campo de Fiori, em 9 de fevereiro de 1600.

HÁ 150 ANOS

O tema voltaria a ser alvo de acirradas discussões. Em 1862, com apenas 20 anos, o astrônomo Camille Flammarion (1842-1925), conseguiu através da editora Mallet-Bechelier de Paris, a publicação do seu livro “A Pluralidade dos Mundos Habitados”. Não é difícil imaginar o impacto que o livro provocou na maioria das pessoas embevecidas com a idéia da Terra ser um planeta especial, centro da criação e único a abrigar vida. Críticas à parte, o livro, contudo, foi bem recebido entre celebridades como Victor Hugo (1802-1885) e o imperador Napoleão III. Em 1864 a primeira edição esgotou. Uma após uma as edições não paravam. Meu exemplar de 1921 já era a 30ª edição!

                                                                  

A REAÇÃO

Não se fez esperar. “Vós não sóis um astrônomo, sóis um poeta!”. Com essas palavras, Urbain Joseph Le Verrier (1811-1877), o imortal descobridor do planeta Netuno, então diretor do Observatório de Paris, demitiu o jovem Flammarion pelo grave erro de haver escrito o livro sobre um tema inaceitável para ele. Le Verrier achava que tal era uma idéia medíocre e pura fantasia. Flammarion havia sido aceito em junho de 1858 como aluno astrônomo lotado no Deptº de Longitudes, encarregado dos cálculos das posições da Lua para o conhecimento do tempo. Contudo o sucesso do livro em todo o mundo fez com que mais tarde, reconhecendo o erro, Leverrier convidasse Flammarion a reingressar no Observatório para se ocupar de observações micrométricas de estrelas duplas e múltiplas o que ele fez impecavelmente. Seu ‘Catálogo de Estrelas Duplas e Múltiplas’ publicado em 1878 foi durante muitos anos o melhor do mundo!

                                                                                    

EXOPLANETAS

A primeira confirmação de exoplaneta surgiu apenas em 1990 com os radioastrônomos Aleksander Wolszczan e Dale Frail. Na época foi difícil a comunidade astronômica aceitar os resultados, pois eram dois planetas orbitando o pulsar PSR 1257+12 já que, como sabemos, esses objetos são resultados de estrelas que morrem explosivamente como supernova. A partir daí foi uma sucessão de descobertas. Elas aumentam a medida da potencia dos instrumentos e refinamento de novas tecnologias na Terra e no espaço. Um exemplo disso é o moderno satélite Kepler que em menos de dois meses quando foi lançado em 2010, descobriu 750 candidatos a exoplanetas! De candidatos a detectados, até 2011, 708 planetas foram registrados em 534 sistemas solares, segundo cálculos compilados pela Enciclopédica de Planetas Extra-Solares.  Ao lado do Programa SETI (Search for Extraterrestrial Inteligence), o assunto tem sido levado tão a sério, que a União Astronômica Internacional, IAU, fundada em 1919, criou há mais de vinte anos uma comissão destinada a averiguar assuntos que envolvam a pluralidade dos mundos.

Se estivesse vivo, o que diria Leverrier nessa onda de descobertas de planetas orbitando outras estrelas? O que outrora parecia um privilégio do Sol, hoje já é aceito que a maioria das estrelas possuem planetas ao seu redor e por analogia, também existirão satélites, asteróides e cometas. Os cientistas acreditam que pode haver civilizações lá fora que já chegaram a um estágio de desenvolvimento suficiente para emitir ondas de rádio. Tal possibilidade já foi aventada no filme “Contato”, de 1997, baseado no livro de Carl Sagan (1934-1966). Através de gigantescos radiotelescópios como os de Arecibo, Porto Rico, o Ratan-600 da Rússia, o de Effelsberg, Alemanha, o Robert C. Byrd Green Bank nos EEUU  e muito em breve o ALMA no Chile, estamos aptos a receber qualquer emissão de rádio vinda do espaço e assim poder dizer: também estamos aqui! A astronomia está celebrando este ano, o 150º aniversário do lançamento do livro de Flammarion. Um nome, uma mente que avançou no tempo enfrentando altivamente dogmas, incredulidades e preconceitos. Estamos no limiar de constatações que irá mudar a estrutura filosófica milenar criada pelo homem. Quem viver verá!

*O autor é astrônomo dos observatórios municipais de Americana e Piracicaba, SP e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França, SAF.

REFERÊNCIAS - CONSULTAS

La Pluralité des Mondes Habités, C. Flammarion, Ernest Flammarion Editeur

L’ Astronomie, revista mensal da Sociedade Astronômica da França, SAF

Mémoires Biographiques et Philosophiques d’ um Astronome, C. Flammarion, Ernest Flammarion Editeur

Scientific American, revista mensal, Duetto Editorial

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