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PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA CÉU DA BANDEIRA ESTÁ EM DESACORDO COM A ASTRONOMIA

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17/11/2014

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

CÉU DA BANDEIRA ESTÁ EM DESACORDO COM A ASTRONOMIA

Por Nelson Travnik * - [email protected]

 

Como uma tarefa dos astrônomos foi parar nas mãos de um pintor por puro sentimento revanchista.

No sábado, 15 de novembro, o País celebra 125 anos da Proclamação da República, após um golpe militar perpetrado contra o Imperador D. Pedro II. Com isso impunha a substituição da bandeira do império por aquela introduzida em 1822. A nova Bandeira Nacional foi estabelecida através do Decreto nº 4 de 19/11/1889 redigido por Rui Barbosa e assinado por : Marechal Deodoro da Fonseca, chefe do Governo Provisório, Quintino Bocaiuva, Aristides da Silveira Lobo, Rui Barbosa, M. Ferraz de Campos Sales, Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Eduardo Wandenkolk.

 

UM CÉU DE PURÍSSIMO AZUL

A Bandeira do Brasil uma das mais belas e sugestivas, é a única do mundo que representa grande parte do firmamento que envolve a Terra. É a mais completa ilustração já imaginada para uma bandeira nacional. O círculo interno em azul corresponde a uma visão da esfera celeste inclinada segundo a latitude do Rio de Janeiro às 08h30 do dia 15/11/1889, data e local da Proclamação da República. Nesta hora a constelação do Cruzeiro do Sul encontra-se no meridiano do Rio de Janeiro. Como é dia, obviamente o céu só seria visível se ocorresse nessa data um eclipse total do Sol. Qualquer carta celeste mostra isso bem como no dia 20 de maio às 20h00 a situação se repete. É só olhar o céu e conferir.

 

CÉU ÀS AVESSAS

O céu representado na Bandeira evidencia erros e falhas astronômicas. A posição das estrelas não coincide com as estampadas na Bandeira. Isto é mais evidente na constelação do Cruzeiro do Sul com a posição da estrela épsilon (popularmente conhecida como ‘intrometida’) e que representa o Estado do Espírito Santo. Está invertida. Veja numa carta celeste ou compare com o Cruzeiro do Sul estampado nas bandeiras da Austrália, Samoa Ocidental, Papua-Nova Guiné, Nova Zelândia ou se preferir, com a camisa do Cruzeiro de Belo Horizonte, MG.  Outro fato é que as estrelas não coincidem em suas posições e magnitudes aparentes. É o caso da constelação do Escorpião que não é possível verificar quais sejam as estrelas tão erradas estão. Por último temos o caso da faixa “Ordem e Progresso” que alguns afirmaram tratar-se do Equador Celeste ou outros da eclíptica, faixa zodiacal onde se deslocam o Sol, a Lua e os planetas com exclusão de Plutão que não é mais considerado planeta e os asteróides. Do ponto de vista da astronomia não pode ser nem uma nem outra. Para ser eclíptica a estrela Spica, alfa da constelação da Virgem e que representa o Estado do Pará, teria que ficar abaixo dela e a estrela beta do Escorpião (Maranhão) acima.

 

ERROS GROSSEIROS DE ASTRONOMIA

É difícil conceber que astrônomos do então Imperial Observatório, denominado a seguir para Observatório Nacional, que estavam ali bem pertinho, não tenham sido consultados para estabelecer corretamente as posições das estrelas e da faixa que corta o céu da Bandeira. A reação não se fez esperar. Na época, Eurico de Góis declarou que o pintor Décio Villares ao desenhar a Bandeira não interpretou corretamente o Decreto nº 4 que exigia que as estrelas fossem dispostas na situação astronômica quanto a distância, tamanho e brilho relativo. Em vez de adotar a representação do céu que se encontra nos atlas celestes, adotou o sistema dos globos. Como atribuir a um pintor uma tarefa exclusivamente da competência dos astrônomos? Porventura um espírito revanchista sabendo que o Imperador era astrônomo amador e que possuía até um quarto privativo no Observatório para descansar após as observações? A Lei nº 5.443 de 28/05/1968 explica em seu artigo 3º, §1º, que as constelações do céu às 08h30 do dia 15/11/1889 devem ser consideradas como vistas por um observador fora da esfera celeste. Um céu portanto só acessível a uma astronauta! Na ocasião os legisladores procuraram amenizar apresentando justificativas para convencer os leigos. Uma delas é que o céu representado na Bandeira é a imagem do firmamento que seria visto às 08h30 do dia 15/11/1889, portanto em pleno dia, refletido nas águas da baia da Guanabara! A questão foi debatida nos jornais, na tribuna do Congresso e até o povo foi instado a opinar. Mas tudo ficou como estabelecido pelo pintor. Todos os erros astronômicos constam de dois livros: o primeiro de Eduardo Prado “A Bandeira Nacional”, publicado em 1903 pelo IBGE e o de Rubens de Azevedo “A Bandeira Nacional”, publicado em 1988 pela edições Tukano-Arte & Literatura.


O QUE FAZER?

O projeto poderia ser alterado no início com a tarefa a cargo dos astrônomos do Observatório Nacional. Fica complicado que passados tantos anos, agora que estamos solidários com a Bandeira, proceder modificações. O mais sensato é portanto deixá-la como está e considerar que tudo é simbólico e as estrelas nas constelações estão como se fossem atiradas ao acaso. “Cientes de que nada é perfeito, orgulhamo-nos de que nossa Bandeira contenha lineamentos fundamentais da cultura humana, segmentos de nossa história e projetos permanentes de realizações futuras. A Bandeira ai está, mais gloriosa que nunca”. (Raimundo O. Coimbra).

Como ficaria o globo azul de nossa Bandeira invertendo-se o aspecto do céu,
segundo o astrônomo Irineu Gomes Varella.

 

* Nelson Travnik é diretor do Observatório Astronômico de Piracicaba, SP, e Membro Titular da Sociedade Astronômica da França.

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