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A IMPORTÂNCIA DA ASTRONOMIA PRESENCIAL NA HUMANIZAÇÃO DO SABER - Por João Marcos.

Vtol_tele_meade
15/01/2014

A IMPORTÂNCIA DA ASTRONOMIA PRESENCIAL NA HUMANIZAÇÃO DO SABER - Por João Marcos (*).

Muito se tem falado da Astronomia de Gabinete que contrasta com a Astronomia Presencial na prática observacional. Analisar fotografias, fazer observações remotas, analisar tabelas com dados numéricos ou ir a campo, observar in loco, com olho na ocular, ao vivo e sentir o frio da madrugada? A prática de gabinete substitui totalmente a observação presencial, visual?

Estando numa sociedade cada vez mais virtual e artificial, onde as imagens em CCD e a computação automatizam olhares e a própria percepção do cosmos, fico a indagar: a diminuição da prática da astronomia presencial, visual, contribui para uma declínio da astronomia como prática humana de ciência? A robotização e automação nos processos observacionais comprometem o desenvolvimento humano da astronomia? Se pensarmos a ciência como instrumento para o caminhar humano no saber onde o cognitivo e o sensorial crescem em parceria com a parte técnica, tecnológica, então a astronomia de gabinete nos coloca em confronto frente ao nosso próprio avançar sobre a trajetória científica.

Como pode um astrônomo não observar através de uma ocular? Muito se fala sobre a eficiência e a precisão numérica da astronomia de gabinete feita exclusivamente por fotos e programas de computador. É a visão tecnicista do saber. E a imprecisão da observação visual não cabe nessa perspectiva restritiva e empobrecida por resultados. Mas se a ciência se resume apenas em números, como surgem as formulas que geram os números? As fórmulas e os modelos matemáticos que vão alimentar os números surgem da prática científica, da vivência, da experimentação. Não se criam modelos ou métodos a partir de teorias ou abstrações do vazio. A ciência é construída como observação da realidade. Mais do que isso, como algo que agrega valor ético pelo conhecimento. Um desempenho técnico elevado desprovido de vivência humana nos coloca sob o risco de uma prática científica não humana, de algo que não vai agregar valor ao ser humano. É pensar a ciência como algo distanciado da expectativa humana onde as pessoas muitas vezes indagam, pra que serve isso ou aquilo? Pra que serve, enfim, uma ciência desumana?

Se um astrônomo não vivencia a observação na ocular e acaba por se contentar com algo terceirizado, mostrado pela frieza da tela de um computador, ele desumaniza a sua própria prática, perde contato com sua fonte primária de percepção da realidade, se distancia da relação, insubstituível, entre si mesmo e a natureza, como relação básica e essencial na construção do saber e acaba por comprometer o seu fazer ciência.

A prática da astronomia presencial, visual, deve ser entendida como ação indispensável no dia a dia do astrônomo, em qualquer área, como atitude de fazer científico onde a percepção se mantém estimulada pela observação do cosmos. O contato com as estrelas nos remete a uma vivência sensorial estimulando a imaginação como base para a construção do saber. A astronomia de gabinete nos remete a algo alienante do mundo natural onde a burocratização numérica da observação substitui as vivências sob o céu noturno por coordenadas numéricas e demais parâmetros de referencia. Muitos astrônomos de gabinete, teóricos da ciência, não sabem sequer apontar constelações no céu. Isso é astronomia?

O olho na ocular se constitui como laboratório insubstituível à prática humana e observacional da astronomia. A análise de resultados obtidos mecanicamente ou a observação remota apenas justificam e complementam a prática presencial, sem sub-julgá-la ao desnecessário. Dados observacionais encomendados a institutos de pesquisa devem ser consequência de projetos pensados a partir de observações presenciais. Caso contrário podem conduzir o astrônomo a algo desconectado com a cultura humana, algo artificial. A alienação, em muitos casos, é fruto da prática científica de gabinete. A fome e a miséria humanas podem ser algumas das consequências mais dramáticas da alienação do fazer ciência quando o cientista se torna alheio às necessidades mais básicas da humanidade em uma prática excludente e desconexa com a realidade social vigente.

Observar as estrelas em noite de céu estrelado nos remete à reflexões cosmológicas sobre quem somos. E fazer ciência nesse contexto é algo fundamental para se pensar projetos humanos em astronomia ou em qualquer outro campo do saber.

(*) João Marcos é astrônomo amador, observador de estrelas variáveis - membro da AAVSO - USA e colaborador do VTOL - Vaz Tolentino Observatório Lunar.

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